quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Amamentação

Durante a gravidez, e ao contrário da maioria das mulheres, sempre que pensava na amamentação achava que era algo que não iria gostar. Nunca vi a amamentação como algo lindo, belo e cor-de-rosa. Mas, sabendo que é o melhor para os bebés, tinha o objetivo de amamentar. Embora, tivesse bem definido na minha cabecinha que iria fazê-lo se não me causasse grande stress e mal-estar. Nunca me imaginei naquele cenário de mastites horríveis e mamilos em sangue, a sofrer para proporcionar alimento aos meus bebés. Nem me imaginei a amamentar até 1 ou 2 anos. Atenção! Nada contra, muito pelo contrário! Admiro quem o faz. Simplesmente não é para mim. Até aos 6, 7 meses era o meu objetivo.
Para minha grande surpresa, assim que os pus ao peito adorei. Estava a alimentar os meus bebés com o meu corpo! Uau! A natureza tem coisas do caraças! Nunca pensei que fosse gostar de amamentar. Mas gostei e muito! Senti-me orgulhosa e sobretudo senti uma ligação tão forte com eles que me emocionou.
Felizmente nunca tive dores. O problema foi mesmo a logística e alguma insegurança também. O D. nasceu com o peso no limite e por isso era muito controlado. Se perdesse mais que 10% do peso teria que ficar internado. A B. nasceu com um bom peso mas perdeu 15% do peso nos primeiros dias. Saí da maternidade com indicação de LA após as mamadas de LM. Posteriormente, se tivessem a aumentar de peso poderia ir alternando: LA para um e LM para o outro. Desta forma garantia que estavam a ser bem alimentados e ia estimulando o peito a produzir leite. E mais tarde, poderia alimentar os dois a LM. Só que não...
Nas primeiras 6 semanas, enquanto o marido estava em casa era mais fácil, enquanto amamentava um, ele dava biberão ao outro. No fim, ainda pegava na bomba elétrica para tirar mais leite. Quando ele regressou ao trabalho e fiquei sozinha com os dois, foi mais complicado. Sentia-me insegura em dar apenas LM porque não sabia se quantidade de leite que saía era suficiente, por isso dava sempre LA depois. Ora, isto até se faz sozinha durante uns dias. Mas depois o cansaço vence-nos. Nunca consegui amamentar os dois ao mesmo tempo. Tinha que ser um de cada vez. Imaginem o que é dar de mamar a um, a seguir dar biberão e depois mudar fralda e por a dormir. Depois repetir tudo com o outro. Não sobra tempo para descansar! E foi assim que aos poucos fui diminuindo as mamadas e aumentando o número de biberões até que ficaram só a LA.
Fiquei triste porque gostava daqueles momentos com eles ao peito e porque lhes queria dar o melhor mas com gémeos e sem ajuda é realmente muito complicado conseguir fazê-lo.
Com os biberões ficou tudo mais fácil. Muitas vezes até dava aos dois ao mesmo tempo. Em 45minutos alimentava-os, punha-os a arrotar e mudava-os.
Claro que depois disto ouvi alguns:
- “ah e tal mas sabes que o teu leite é melhor para eles”
-“se quiseres mesmo e se te esforçares consegues”
-“o LA é cheio disto e daquilo que só faz mal”
-“vão sofrer mais de cólicas”
-“eu também tenho gémeos e também estou muito cansada mesmo assim consigo amamentar os dois”

Tudo isto, veio de mães 100% defensoras da amamentação exclusiva que conseguiram aquilo que eu não consegui. Sim, senti-me uma merda 😒 Uma merda de uma mãe preguiçosa, que não está para ter trabalho e andar com as mamas de fora 24 horas por dia e ainda mudar fraldas, dar banho, tratar da roupa, dar colo e mimo. Senti-me mesmo uma merda de mãe! Uma egoísta!
Curiosamente, estas mães ou tinham ajuda constante de outra pessoa ou tinham só um bebé. É muito fácil dizer que se consegue amamentar em exclusivo (e ainda tirar leite para armazenar) quando há a mamã ao lado para mudar as fraldas, dar colo, adormecer, tratar das roupas e ainda oferecer um prato de comida quente. Não foi nem é o meu caso.
Por isso, oh alminhas, vou cagar para o vosso dedo apontado, sim?




4 comentários:

  1. Acho que há pouca solidariedade/compreensão entre mães...
    Amamentei até quase aos 1 meses dela e não gostava, não odiava mas não era uma cena que adorasse ou achasse fantástica... Também não tive ajuda porque vivemos a 2mil km e a licença de paternidade aqui são 2 dias...
    Quanto ao "desistir", quando não há alternativas ou se vive em situações em que água potável é raro e dar biberão um risco elevado para a saúde do bebé acho que vale a pena todo o esforço, de resto cada uma sabe por si e não és má mãe se acabares por deixar de amamentar ao fim de umas semanas, já conseguiste algumas semanas e isso é fantástico!

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    1. Nisto da maternidade há sempre alguém a apontar-nos o dedo. E a amamentação, ou melhor, a alimentação dos filhos parece-me que o tema preferido de discussão entre mães. Enfim... hajam bebés bem alimentados e cuidados e o resto são pormenores 😉

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  2. Sempre pensei que se um dia tivesse filhos não ia queres amamentar. Cheguei inclusive a chocar algumas amigas defensoras acérrimas da amamentação com esta minha ideia... isso é querer uma cesariana por simplesmente não me imaginar a passar por um parto normal. Depois quando engravidei a minha ideia em relação à amamentação mudou... quero sim experimentar esse vínculo único que se criar com o nosso bebé, para além da ideia de que será mais pratico. Mas não sou fundamentalista. Se for bom para mim, para a bebé, e para a nossa família óptimo. A partir do momento que se torne um factor de stress, que não esteja a ser bom, paciência.

    Acima de tudo cada um sabe o que é melhor para si e para a sua família. Comentários vamos ouvir sempre, mas espero não me afetar por eles.

    Beijinho grande Mia

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    1. Tal e qual como penso :)
      Espero que consigas amamentar a tua bebé. Caso não aconteça, um biberão cheio de leitinho e amor :)

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