domingo, 15 de janeiro de 2023

Descrença - 5 Reasons Why

Até ao dia da Tec estávamos muito bem resolvidos relativamente a este assunto. Tínhamos um embrião e iríamos transferi-lo. Se resultasse muito bem, se não resultasse tudo bem na mesma. Já temos os nossos filhos perfeitos e estamos bem, felizes e completos. Desta vez não seria como as outras, seria diferente e não haveria aquela carga toda de ansiedade no limite e aceitaríamos bem o resultado, fosse qual fosse.
Simples. Na paz ✌️ 
Só que não! Gente, a sério! Estou a pirar! Socorro!
Eu sei que devia ser como descrevi acima, eu sei que devia estar calma mas olhem, não estou!
Eu sei que tenho 2 filhos lindos, perfeitos, que amo mais que tudo e que são o meu orgulho. Mas agora que fui buscar o Frozen, está aqui (sei lá eu se ainda está) no meu corpo e já não quero que se vá embora!
E estou a pirar porque afinal queria mesmo que resultasse mas estou completamente descrente.
E porque é que estou tão descrente?

1 - Porque ao contrário dos outros dois, este só chegou àquele estado com um dia de atraso.
2 - Porque apesar de desta vez já não se ter visualizado aquele líquido, as tais calcificações ainda estão (e estarão) cá. O útero não está como estava antes.
3 - Porque em 3 blastocistos serem os 3 euploides e resultarem os 3, já rebenta com a escala e seria bom demais.
4 - Porque acho que esgotei a minha sorte quando, depois de tanto insucesso, consegui ter um casal de gémeos. Foi o meu Euromilhões!
5 - Porque não gosto de números pares e precisava da 5a razão e porque sou pessimista por natureza… mas também realista.

E pronto, estou a pirar porque pensei que ia estar em paz e afinal não estou. E depois disto não há mais hipóteses de ter novamente a experiência de ter uma gravidez e outro filho.
Durante estes últimos anos, senti-me “curada” da infertilidade. Esqueci esse assunto. Mas agora, estou a reviver tudo outra vez. Não, não estou curada da infertilidade. A procura louca de sinais e sintomas que sabemos que nada significam mas ainda assim estamos loucas à procura deles. A ler os casos de quem está no mesmo processo, a pesquisar taxas e percentagens disto e daquilo. De volta à loucura.
No meio disto tudo, agradeço o facto de não haver aquelas chamadas do laboratório a falar sobre o desenvolvimento dos embriões que me deixavam completamente histérica e prestes a ter um ataque sei lá do quê. Desta vez acho que não sobreviveria.

Ontem à noite o marido percebeu-me muito calada e tensa. Tenho tentado disfarçar porque de certa forma tenho alguma vergonha de admitir que estou assim… mas acabei por confessar perante a insistência dele em perguntar constantemente “Que se passa? Está tudo bem?”
“Não!”, respondi. “Não está tudo bem! Não estou calma nem em paz! Eu sei que disse que ia ser diferente mas olha a verdade é que estou ansiosa, angustiada, lixada porque queria mesmo que resultasse e sinto que não resultou! E afinal não sei como vou lidar com um negativo e não vou ter coragem de abrir o mail com o resultado do beta! E estou completamente passada da cabeça!” E bla, bla, bla…
Coitado. Gente, falei tanto… e ele ali parado a olhar para mim com os olhos muito abertos.
Sorriu e disse “Olha para estes meninos.” Estavam os dois a dormir no sofá ao nosso lado. “Somos tão felizes os 4. Fazemos tantas coisas com eles, passamos tão bons momentos! E estes ninguém nos tira.”
Verdade… senti-me feliz e voltei a ficar calma. Não importa o resultado desta Tec. Temos estes e somos muito felizes com eles 🥰

Hoje estou passada outra vez.

TEC

Dia 18 de Dezembro tomei a última pílula e dia 22 (2o dia do ciclo) comecei o Estrofem.
Ecografia e análises ok. Tec agendada para dia 9 de Janeiro.
Pela hora da Tec, pela distância e possibilidade de apanhar trânsito, tivemos receio de não regressarmos a casa a tempo de ir buscar os nossos filhos à escola, pelo que decidimos levá-los connosco.
Na clínica, ainda esperamos cerca de meia hora até fazer a transferência. O Dr. J. entretanto esteve connosco e viu os nossos meninos.
Quando chegou a hora lá fui eu equipada com a batinha sexy. Desta vez sozinha, uma vez que o marido ficou na sala de espera com os nossos filhos.
Estava eu deitada com as pernas em V enquanto o Dr. J. contava à embriologista e à enfermeira como os nossos filhos estavam bonitos e engraçados. Que orgulho! Babei-me, claro.
Foi simples e rápido. O Dr. J. e a embriologista disseram que apesar de ser um blastocisto de dia 6, é um blastocisto e é bonitinho. Agora, como sabemos, é o que a natureza quiser. Desejaram-nos boa sorte.
Quando fui ter com o marido e os meus meninos, o marido contou que o D. estava a olhar à sua volta muito atento. Observou imagens com um óvulo e uma agulha ou algo do género e perguntou ao pai se aquilo era uma pica, ao que o pai respondeu que sim. Logo de seguida (já vos disse que o D. faz 500 perguntas por dia?) perguntou se ali era o médico das mães. O pai riu-se e mais uma vez respondeu que sim. Médico das mães… o miúdo é esperto 🤔
Quando me viram chegar, vieram ter comigo cheios de perguntas.
“Mãe! O que o médico te fez?” Tive vontade de responder “Pôs-me um bebé na barriga.” Mas achei que não seria boa ideia, primeiro porque iam estar sempre a perguntar pelo bebé e sabemos que há mais hipóteses de insucesso do que de sucesso. Não seria fácil dar-lhes explicações sobre o assunto. E depois porque iam contar a toda a gente, inclusivamente na escola, que o médico pôs um bebé na barriga da mãe. E isto não iria soar lá muito bem 😅
No final, fomos todos comer um gelado e no final regressamos a casa os quatro, ou melhor, os cinco.

sábado, 14 de janeiro de 2023

O Regresso

Confesso que durante algum tempo quase nos esquecemos que tínhamos um embrião vitrificado. Sentimo-nos tão felizes, tão preenchidos com o nosso casalinho de gémeos que os anos passaram a voar.
No entanto, às vezes lá nos lembrávamos do nosso “Frozen”, como carinhosamente o apelidamos, e a nossa opinião sempre foi unânime: se está lá vamos buscá-lo.
Foi então no mês de Setembro que marcámos consulta com o Dr. J. para ver como estavam as entranhas e para perceber como funciona este processo de transferência de embrião vitrificado.
Foi engraçado voltar a ver o Dr. J. após estes anos. Após alguma conversa descontraída a falar sobre filhos lá fomos nós ver o ninho. Sem sinais de endometriose ativa, endometrio fino como deve estar quando se toma a pílula e… líquido. “Qual líquido?” Líquido na cavidade endometrial e pequenas calcificações no útero.
Fuck!
Perguntou-me se tinha dores, respondi que não. O Dr. J. explicou que estas calcificações têm indicação cirúrgica quando são maiores e/ou quando causam dores. Relativamente às taxas de gravidez, há uns anos acreditava-se que poderia prejudicar uma implantação. Atualmente, a experiência leva a querer que normalmente não prejudica. Vá-se lá saber… Relativamente ao líquido, isso sim, prejudica. É impensável transferir um embrião quando se visualiza líquido na cavidade endometrial. A boa notícia é que muitas vezes o líquido desaparece sozinho.
Assim, o Dr. propôs fazermos um ciclo teste para avaliarmos como se comporta o endométrio e ver o que acontece ao líquido. E foi o que fizemos. Deixei a pílula e iniciei um ciclo com Estrofem. Ao 11 dia do ciclo fizemos eco. Nada de líquido, foi-se! Endométrio trilaminar com uns belos 13mm. Perfeito! Nesse mesmo dia iniciei o Progeffik durante 12 dias para depois vir a menstruação.
Felizmente o ciclo teste correu melhor do que esperávamos. O líquido desapareceu e o endométrio responde muito bem às hormonas exógenas.
O Dr. J. deixou-nos à vontade para fazer a transferência quando quiséssemos. Era só ligar para a clínica e receberia-mos as instruções.
Voltei a tomar a pílula para decidirmos sem pressão a melhor altura.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Estou por cá…

Há umas semanas atrás lembrei-me “Ei! Eu tenho um blogue!”. 

Quase me esqueci deste espaço que tanta história tem. E porque é que me lembrei passado este tempo todo?

Lembram-se do meu do meu post de 14 de Novembro de 2017? Em que referi que ao quinto dia tinha 2 embriões para transferir e outro atrasadinho ainda em estado de mórula? Pois é. Na altura nem lhe dei importância nenhuma mas o tal do atrasadinho lá se desenvolveu até ao dia seguinte e tornou-se num belo blastocisto expandido, pelo que foi para o congelador. E por lá ficou… durante 5 anos, 5 meses e 19 dias.

Hoje faz 4 dias que o tiramos do congelador e o metemos ao forno.

Por aqui muitos pensamentos à mistura… tantos que nem consigo expô-los neste momento.