terça-feira, 17 de maio de 2016

Síndrome do Folículo Vazio

Mas que porra é esta afinal?
Já revirei tudo na internet, li artigos, estudos científicos, pesquisei em fóruns e nada. Há muito pouca informação sobre este assunto. Não se sabe qual é a causa e muito menos a solução. No entanto, apontam-se apenas algumas hipóteses para a causa.
Do pouco que consegui encontrar, fiz um apanhado da informação.

A Síndrome do Folículo Vazio carateriza-se pela ausência de ovócitos no fluido folicular no momento da punção. Trata-se de um acontecimento raro, com incidência entre 0.5 e 7% dos ciclos de reprodução assistida.
Estima-se que haja uma hipótese de 20% de recorrência.

Entre as possíveis causas para SFV apontam-se as seguintes hipóteses:

1-Alterações na foliculogênese que possam provocar atresia folicular precoce ou alteração no desenvolvimento no ovócito.
2-Resposta insatisfatória à hcg exógena. Aqui, inclui-se a hipótese de anormalidade de alguns lotes do medicamento comercializado e a hipótese de metabolização hepática acelerada da hormona.
3-Causas genéticas. Uma mutação (N400S) em homozigotia do recetor de LH.

Possíveis soluções para o problema:
1-Após a punção folicular em que se verifique a ocorrência de SFV, administrar uma segunda dose de hcg e realizar nova punção após 24 horas.
2-Dar preferência à hcg recombinante (ovitrelle) em vez da hcg urinária (pregnyl) pela sua maior pureza e maior uniformidade nas concentrações.
3-Substituir o hcg pelo agonista GnRH (decapeptyl) para maturação ovocitária final, elevando os níveis séricos de gonadotrofinas endógenas, tal como acontece em ciclos naturais.

Importa salientar que o nome "folículo vazio" revela-se inadequado, uma vez que o problema demonstra resultar de distúrbios na maturação final dos ovócitos e não da sua ausência.

No meu caso, a primeira hipótese para a causa do problema está excluída, uma vez que os níveis de estradiol estão sempre compatíveis com a quantidade de folículos maduros. Portanto, e uma vez que já aconteceu o mesmo por duas vezes, ou tenho uma metabolização hepática acelerada do medicamento ou tenho a tal da mutação genética.
Quanto às possíveis soluções, e uma vez que já experimentei tanto a hcg recombinante como a hcg urinária, ou faço uma nova dose de hcg e nova punção, ou experimento o decapeptyl em vez do hcg. Digo eu que não percebo nada disto. Sei lá! Fazer uma nova punção não me parece uma boa solução, porque para além de isso aumentar muito a hipótese de Síndrome de Hiperestimulação Ovárica, nem quero imaginar os custos que uma segunda punção poderiam ter!
Não sei o que o médico me vai dizer ou propor relativamente a isto mas se a ciência não sabe, ele provavelmente também não saberá. Enfim... sou mesmo um bicho raro!

Que nervos que isto me causa! Detesto não ter respostas concretas! Às vezes apetece-me preparar um plano maquiavélico para raptar todos os cientistas e investigadores desta área, prende-los numa cave e obriga-los a descobrir a causa! Só os libertar, depois de descobrirem a causa e uma solução eficaz e adequada! MUHAHAHAHAHA! 😈

Vocês devem estar a pensar "Woooou! Esta Mia está louca!" Tenham calma, não se assustem com a minha insanidade mental. De vez em quando tenho uns breves surtos psicóticos mas rapidamente volto à lucidez. À fria e entediante lucidez.

9 comentários:

  1. Olá, esses momentos (frequentes) de loucura estão presentes no meu dia a dia há muito tempo!!Esperamos respostas concretas, soluções efetivas - que teimam em não aparecer. A cada pergunta que faço nas consultas a resposta «provavelmente» e parece que sou eu que questiono e nao ao contrário - o que ainda nos dá mais insegurança!!
    Ok, sabemos que pouco ou nada se conhece acerca da (in)fertilidade, mas é difícil de aceitar que sejam os pacientes a procurar a solução! Há sempre, pelo menos comigo, a percepção de que não se focam inteiramente em procurar respostas e o nosso problema concreto!
    Foi por isso, que resolvi ir à consulta do Dr António Alves - pois acho que se tenho problemas de «terreno» tenho de o conhecer bem! Isso de «provavelmente» ter endometriose não chega!
    O relatório já li - mas perceber é que não! Só na consulta é que vou entender - e só consegui para dia 7 de junho...
    De qualquer modo - confirma-se um útero em retroflexão (desde os 15 anos que sei) mas de grandes dimensões (?) depois há nomes técnicos para todo o gosto; formações nodulares, aderências; etc..
    e depois assim: «A lesão do útero tem características magnéticas sugestivas de um adenomioma mas que parece deste modo contíguo,
    indissociável de lesão de endometriose profunda que envolve o toros uterino posterior e o espaço retrocervical ...»
    Depois fala em nódulos nos ovários..
    É um relatório longo.
    Queres ajudar-me?!
    Bjs

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    1. Olá. Pois é, o "provavelmente" não chega e ainda bem que foste ao Dr. António Alves. Esses termos são difíceis de entender, precisamos sempre da "tradução" do médico para linguagem mais curriqueira.
      No teu caso, parece (mas atenção que posso estar a dizer uma grande asneira) que tens endometriose no septo reto-vaginal e adenomiose. Uma das carateristicas da adenomiose é o útero aumentado. Neste caso, a adenomiose deve estar localizada na parte posterior do útero, ou seja, aquela que fica mais próxima do espaço reto-vaginal.
      No meu caso, também tinha endometriose no septo reto-vaginal, ovários e várias aderências espalhadas à volta do útero e intestino. Contudo, não havia sinais de adenomiose. Pelo que sei, esta última é uma espécie de endometriose mas em vez de ser fora do útero como a endometriose "normal", é dentro do próprio útero, afetando a musculatura interna.

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    2. Também parece que tens endometriomas nos ovários. Sobre as formações nodulares e aderências o que diz mais?

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  2. Obrigada.
    Nos ovários tenho nódulos que são endometriomas (mais no direito que no esquerdo).
    Entretanto liguei à minha médica do CMIN - mandei lhe os relatórios.
    Se fizer nova FIV tenho de saber que esgotei todas os possíveis tratamentos para correr bem.
    Da adenomiose já sabia, bem como da obstruçao tubar direita. E da endometriose tb sabia - apesar de não ter diagnóstico confirmado.
    Na última FIv - fiz o protocolo longo - com agonista (Lupron) no último ciclo. Com esta medicação melhorei o «terreno» mas prejudiquei a qualidade ovocitária (pois não crescem todos ao mesmos tempo) - tive 7 folículos, 3 deles já «passados do tempo» e os restantes fecundaram. 3 deles fragmentaram entretanto e 1 aguentou-se até ao 4.º dia - uma frustração acrescida do facto de estar internada no CMIN por suspeita de SHO - que não se confirmou - e podiam ter transferido no 4.º dia - uma vez que era só um embrião, mas enfim..)
    como posso engravidar espontaneamente - não pedi a pílula contínua - mas estou arrependida...

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    1. O problema é que não existe um protocolo perfeito. Na primeira fiv também fiz o protocolo longo com lucrin e a endometriose esteve calminha. O problema é que a qualidade ovocitária foi do pior! Já para não falar que tive uma hiperestimulação borderline com um estradiol a 2800 antes da punção. Desta vez fiz o curto e, apesar de ser mais agressivo para a endometriose, pelo menos consegui um embrião de boa qualidade. Não inchei praticamente nada depois da punção e o estradiol estava ótimo (1400 ou 1600 já não me recordo). Achei o protocolo curto muito mais tolerável e mais eficaz a nível de resposta e qualidade de ovócitos.
      Quanto à pílula, o ideal seria tomar sem interrupção, até porque isso pode fazer os endometriomas diminuirem de tamanho. Comigo aconteceu isso antes da cirurgia, o que fez com que não fosse necessário agredir tanto os ovários e preservar a reserva ovárica. Mas também sei que temos sempre aquela esperança...

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  3. O meu estradiol nesta última estava para além dos 6000! E eu sem sintomas.. Apenas inchaço! por acaso comigo foi ao contrário, o protocolo curto (no AB) foi mais difícil de suportar, tive muitas, muitas dores! Mas transferi 2: um deles A++!
    É como dizes, cada ciclo é um ciclo e não há respostas perfeitas!
    Já tenho 38anos a caminho dos 39, e por isso, talvez já esteja cansada.
    Da minha filha já tomava a pílula desde os 15 anos - tinha 29 anos!
    Talvez tenha sido isso que «adormeceu» a doença!
    A verdade é que me custa desistir pois tem sido um caminho muito «espinhoso» mas tb me custa muito continuar sabendo que a probabilidade é tão pouca!
    O meu caso resolvia-se com a gravidez de substituição!
    Enfim..
    Não desanimes, eu sei que já estás farta que te digam, mas é uma verdade, tens a idade a teu favor!
    Tenta «entrar» noutro hospital - no Porto - eu não estou insatisfeita com o CMIN.
    Devo ser dos poucos casos que não gostaram da AB.
    Gostei muito do Professor. Só.
    Bjs

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    1. 6000??? Céus!!!!! Eu entendo que estejas cansada e com vontade de desistir, até porque já tens uma filhota. Vê o que o Dr. António Alves te diz e depois decides o que fazer. Caso a endometriose esteja muito avançada talvez possas ponderar a doação de ovócitos, pelo facto de não precisares de fazer estimulação.
      É difícil não desanimar, principalmente por causa desta história do folículo vazio. Sinto que estou a fazer estimulações que só fazem aumentar a doença para depois ter apenas 1 embrião.
      Por acaso adorei a AB e toda a equipa. Mas lá está, depende da experiência que cada um tem. Também vejo que a maioria gosta do acompanhante no CHAA e para mim foi horrível. Detestei mesmo. Ó importante é que nos sintamos bem com o acompanhamento, independentemente do sítio.

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  4. falei com a minha médica do CMIN - que diz que o meu cenário é muito desfavoravel - mas ela é mto contida no que toca a opiniões. Faz bem, que é disso que preciso. para me sentir segura preciso de raciocinio, de empirismo puro e duro - por isso me sinto mais segura no público - por saber que interesse económico não existe.
    mas isso sou eu.
    e isso não significa que os melhores médicos não estejam no privado!
    se optar pela ovodoação é ao privado que tenho de recorrer!
    pedi-lhe a pílula - iniciei denille.
    não sei se já tomaste evixx p60 mg para dores menstruais - foi prescrito pelo dr antónio e reduziu dores - mais eficaz que brufen 600 - no meu caso.
    tb lhe falei da cirurgia - disse me para esperar pela opinião do médico - mas que a cirurgia era muito positiva para reduzir os danos, mas para FIV pode ser prejudicial - pois pode retirar muito tecido ovárico (endometriomas) e reduz a produção.
    enfim...

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  5. Pois, as cirurgias resolvem o problema da doença mas destroiem a reserva ovárica. Vamos ver o que o médico que te diz. Mas fala-lhes desta hipótese: fazer a estimulação e punção antes da cirurgia, de modo a não afetar a reserva ovárica. Criopreservar os embriões, e depois disso fazer a cirurgia e por tudo limpinho para posterior transferência. Digo isto porque já conseguiste embriões de qualidade. Sei lá... colocar todas as hipóteses antes de pensares na doação. Caso recorras a doação, tens ideia a qual clínica recorrer?
    Não conheço esse medicamento mas como já cheguei a fase do tramal... mais forte que isso só morfina!!!
    Também estou a tomar denille, foi o Dr. António Alves que me indicou. Antes fazia mercilon mas como tinha algumas perdas ele mudou para a denille.

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