sexta-feira, 25 de março de 2016

O Exterminador Implacável

Na consulta, o médico, famoso por exterminar endometrioses, ouve-me atentamente enquanto aponta todo o meu historial. Faz-me uma ecografia e um toque. Viu mais que um quisto sugestivo de endometriose e sentiu um nódulo no espaço reto-vaginal. Explicou-me como se comporta a doença, contou-me alguns casos que teve, como por exemplo, o caso de uma mulher com endometriose avançada que ficou com um rim "estragado" por causa da doença, outro de uma mulher que devido ao tumor reto-vaginal ficou com colostomia (aquele saquinho na barriga para as fezes). MEDO! Perguntei logo em que estado da doença eu estava, ao que ele respondeu que não sabia. Teria que fazer uma ressonância magnética e análises aos marcadores tumorais CA-125 e CEA. Disse-me que depois desses resultados é que falariamos melhor. Chamou a assistente para me dar as indicações necessárias para fazer a ressonância naquele mesmo dia, com um técnico em particular.

Já com os resultados prontos fui a uma nova consulta.
CA-125 elevado que sugere que a doença está ativa.
CEA normal
Ressonância magnética revela endometriomas nos dois ovários, tumor no septo reto-vaginal, vários focos de endometriose espalhados no peritoneo e intestino.

"Pois, isto está feiito está. Claro que tem muitas dores. E da maneira que isto está é praticamente impossível engravidar pela via normal, só se for com fiv mas mesmo assim é mais difícil".
"E agora?", perguntei, apavorada com a resposta que podia vir dali.
"Agora isto só lá vai com cirurgia."
"Cirurgia? Mas é uma cirurgia simples... não é?", perguntei.
"Isto de simples não tem nada. É cirurgia para umas 4 ou 5 horas. É delicada porque vou ter que remover os focos quase que milímetro a milímetro. E no caso do nódulo no septo reto-vaginal há sempre risco de ficar com colostomia. Mas se não for retirado também há risco de ele aumentar, perfurar o intestino e ficar com colostomia na mesma. A vantagem é a recuperação, que por ser por laparoscopia é mais fácil e mais rápida. Mas é mais difícil para mim" e riu-se. Que piada...
Gente... não queiram saber o pânico que senti. Não queria acreditar que aquilo me estava a acontecer!
Marquei a porra da cirurgia. O Dr. deu-me as recomendações todas. Mandou fazer uma dieta específica para fazer 1 semana antes, um medicamento para limpar o intestino e recomendou jejum 24 horas antes. Tudo para minimizar ao máximo o risco de colostomia.

Chegou o dia. Não me saía da cabeça a imagem de acordar com um saco na barriga. Não estava preparada para aquilo!
No bloco operatório, o aparato normal. Anestesista, enfermeiros, instrumentista, o Dr. Alves e o médico assistente. De uma coisa eu tinha certeza. Depois de sair dali a minha vida ia mudar! Se para melhor ou para pior, isso é que eu não sabia.
"Ora vamos lá dar cabo dela!", diz o Dr. António Alves já equipado, cheio de determinação. Espero que "ela" seja a endometriose! 😓
"Vamos dormir um soninho?", disse a anestesista toda simpática. É agora! "Relaxxeeeee..."

Ouvi o meu nome ao longe e senti qualquer coisa bater-me na cara. Abri os olhos, e depois daqueles segundos em que tento perceber onde estou e o que aconteceu, vou logo com as duas mãos à barriga. Nada de saco! Não estava colostomizada! Que alívio tão grande!
O Dr. Alves diz que correu tudo bem, conseguiu remover praticamente todos os focos e que o meu sistema reprodutor ficou preservado. Disse também que as trompas "estão boas e recomendam-se". Concluindo, depois de recuperar e de terminar o medicamento que me ia mandar tomar durante 3 meses, tinha condições para engravidar. Fiquei tão contente! Não podia ter corrido melhor! Finalmente boas notícias! Uhuhhh 😃😃😃
5 dias depois estava novamente em casa. Limpa da doença, graças ao meu salvador, António Alves, que exterminou a maldita doença.



Alves 1 - 0 Endometriose
Alves, the Endominator!

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