segunda-feira, 28 de março de 2016

Consulta pós-FIV

Aos poucos fui "acordando" para o mundo. A tristeza e todos os outros sentimentos negativos continuavam cá mas fui recuperando a capacidade de reação.
Eu e o marido decidimos marcar uma consulta numa clínica privada. Ouvir outra opinião, uma outra avaliação do nosso caso, saber quais as probabilidades. O Centro de Genética e Reprodução Prof. Alberto Barros foi a nossa escolha.
Depois de contar o nosso historial e mostrar todos os exames, o Dr. J. disse-nos que deviamos mesmo tentar um segundo tratamento. Apesar da endometriose e do desfecho da primeira fiv, tinhamos também condições que jogavam muito a nosso favor, nomeadamente o facto de sermos jovens, de eu ter uma reserva ovárica bem razoável e do espermograma estar normal. Disse que o facto de só terem puncionado três ovócitos na primeira fiv, não significava que ía acontecer novamente. Pelo contrário, essa história dos folículos vazios, são situações raras e isoladas e o mais provável é que a situação não se repita num próximo tratamento. Quanto à fecundação dos ovócitos por dois espermatozóides disse que nesse caso talvez fosse melhor fazer ICSI, mas que iria depender da quantidade de ovócitos recrutados na punção. Além disso, precisaria de ver o relatório da FIV para uma melhor avaliação. "Aqui ou no CHAA, acho que devem mesmo insistir num novo tratamento. Seria uma pena se não o fizessem".
Para o caso de querermos avançar com o tratamento lá, pediu os seguintes exames/análises:

Histeroscopia
Cariótipos de linfócitos de alta resolução de ambos
Repetir a análise à anti-mulleriana
Repetir espermograma
Relatório da primeira FIV

Um mês depois, fomos finalmente à consulta pós FIV no CHAA. Estava muito curiosa em saber o que nos iam dizer e ía com um monte de questões na minha cabeça.
"Está aqui o vosso relatório. Querem colocar alguma questão?", perguntou o Dr. R.
"Sim! Gostava de saber o que aconteceu ao certo na minha punção e se há alguma explicação para isso", perguntei.
"Não faço ideia. Não fui eu que lhe fiz a punção.", responde no seu habitual tom de voz monocórdico e expressão apática.
"Foi, foi!", lembra a enfermeira.
"Fui? Ah sim, pois fui. Já me lembro. O que aconteceu foi que o seu ovário direito estava muito puxado para trás, atrás do intestino, e ao tentar puncionar ele fugia mais para trás. Achamos que era muito arriscado e decidimos não puncionar." WTF!! Então e aquela história dos folículos vazios?? Aparvalhada com a resposta, perguntei se numa próxima punção iria voltar a acontecer.
"Sim, o mais provável é voltar a acontecer porque o óvario não vai mudar de sítio." Silêncio. "A não ser que a sua endometriose evolua. Nesse caso, o óvario ficaria mais fixo. Por um lado seria mau, mas por outro podia permitir a punção." Aquela parte em que achamos que pior não pode ser... Mais alguma coisa?
"E quanto ao protocolo num próximo tratamento? Seria o mesmo?", perguntei.
"Sim, à partida será igual. Longo com 3 meses de agonista antes da estimulação. Como o tratamento só será daqui a um ano, já vai ter mais idade, e por isso contamos que a sua resposta seja mais fraca. Mas ainda assim, vamos diminuir a dose do menopur por causa do risco de hiperestimulação... como desta vez teve uma hiperestimulação borderline, com um estradiol de 2800...". Ai tive? Isto é só novidades! 😮
"Resumindo", continuei. "O mais certo é não voltarem a puncionar o óvario direito. Esperam que daqui a 1 ano tenha uma resposta inferior mas mesmo assim querem baixar a dose. Então se neste tive três ovócitos, no próximo terei 2 ou 1! Pelo menos fazem ICSI, certo?"
"Não", responde o Dr. R. "Só faziamos ICSI se o espermograma estivesse mau ou se não houvesse fecundação."
"Pois, mas houve fecundação anormal, ou seja, é o mesmo que não haver!"
"3 não é um número estatisticamente significativo por isso não podemos dizer que numa próxima vez irá acontecer o mesmo. Só os referenciariamos para ICSI se houvesse ausência total de fecundação".
Estão a imaginar o lume que eu tive no peito? 😠😠😠
"Não sei se querem tentar novamente... a decisão é vossa." Mesmo? Obrigadinha pela ajuda e pelo empenho! 😲
O marido, não se manifestou. Mas estar 1 ano à espera para puncionar 2 ou 3 óvulos e depois levar com a notícia de que tiveram que ser descartados por fecundarem mal não estava nos meus planos.

Saí de lá completamente revoltada e com o peito a queimar!
Era a história da aspirina. Era a punção com folículos vazios que agora já era por causa da posição do ovário. Era o esquecimento deles, as informações erradas. Era a não ICSI mesmo com o historial anterior. Oh pá...

Não havia mais esperança, o único centro de PMA que me poderia ajudar c*g** para mim. E agora?

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